Médico argentino do Mais Médicos passa “dose pra leão” e caso vira polêmica nas redes sócias

O Conselho Regional de Medicina
do Rio Grande do Sul (Cremers) abriu uma sindicância para avaliar os erros
cometidos por um profissional argentino que integra o programa Mais Médicos em
Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. De acordo com o presidente da
entidade, Fernando Weber Matos, além de receitar uma superdosagem, o médico
errou na avaliação do exame de raio-x e no diagnóstico do paciente.
Uma foto compartilhada em redes
sociais gerou polêmica no início desta semana ao mostrar uma receita médica
assinada pelo argentino Juan Pablo Cazajus, com o uso do antibiótico
Azitromicina 500 mg a cada oito horas. Para Matos, a dosagem era excessiva para
o quadro do homem de 64 anos, que era tratado com complicações respiratórias.
Segundo o presidente, a dose máxima recomendada é de 500 mg ao dia, durante
três dias.

Após a confusão, e não
satisfeitos com a prescrição, familiares do homem o levaram até o Hospital
Regina, em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e receberam
nova avaliação médica. “No hospital, fizeram um diagnóstico diferente da
questão respiratória. Ele tinha um derrame pleural bilaterial que deveria ter
sido identificado já no primeiro raio-x. A sorte é que o paciente foi visto por
outro médico, que suspendeu a medicação e fez o tratamento adequado”, afirmou
Matos.
Segundo o presidente do Cremers,
a avaliação mal feita a partir do primeiro exame foi o erro mais grave, já que
o derrame precisaria ter sido percebido pelo médico estrangeiro. A assessoria
de comunicação do hospital confirmou ao G1 que o homem deu entrada no último
domingo (13) e recebeu alta nesta quarta-feira (16). “Agora ele será
encaminhado para tratamento no setor de oncologia do Sistema Único de Saúde”,
completou Matos.
O secretário da Saúde de
Tramandaí, Mário Mitsuo Morita, confirmou que uma sindicância também foi aberta
no município para investigar o caso. Segundo ele, o paciente já havia sido
avaliado por dois médicos da rede de postos de saúde da cidade. “A dimensão que
ganhou o caso é em função do Mais Médicos. Aquela dosagem de oito em oito horas
foi receitada apenas por dois dias. A gente não consegue ter um controle de
tudo”, admitiu o secretário.
Ainda segundo o Cremers, os nomes
dos tutores e preceptores dos médicos que ganharam o registro para trabalhar no
estado ainda não foram encaminhados à entidade. A lei exige que dois médicos
formados prestem assistência aos profissionais estrangeiros, já que o grupo
veio atuar no país como bolsista em especialização comunitária.
“O preceptor deve agir junto ao
médico no mesmo local de trabalho, ele fiscaliza. Já o tutor acadêmico seria um
professor vinculado à universidade, no sentido mais didático. Em Tramandaí não
tem nenhum dos dois”, apontou Matos, que reforça o compromisso do ministério da
Saúde. “Houve uma série de erros excessivos que talvez exija uma atenção maior
do ministério, principalmente na designação imediata dos tutores e
preceptores”, completou.
O G1 tentou entrar em contato com
o médico argentino, mas ele não concordou em falar. A assessoria do Ministério
da Saúde confirmou que a pasta ficou sabendo do caso através da imprensa. Desde
então, acompanha e já enviou o supervisor do profissional para Tramandaí para
avaliar a situação.
Em nota divulgada na terça-feira
(15), o Ministério diz que, “de acordo com o Código de Ética Médica, os médicos
que cometerem faltas graves e cuja continuidade do exercício profissional
constitua risco de danos irreparáveis ao paciente ou à sociedade poderão ter o
exercício profissional suspenso  mediante
procedimento administrativo específico”.
FONTE: G1/RS
Postado em 16 de outubro de 2013