Vaias em Brasília e cacete em São Paulo: O jeito de reagir de cada um

Os tucanos assanham as asas de
alegria por causa das vaias sofridas por Dilma neste domingo, no campo de
futebol em Brasília. Mas se eu fosse tucano, guardaria minhas penas e minhas
asas para outros assanhamentos, pois enquanto Brasília vaia a presidente, em
São Paulo a polícia tucana de Alckmin mete a peia em manifestantes que encheram
e continuam enchendo as ruas protestando contra o aumento de 20 centavos no
preço das passagens.
Se em Brasília as vaias são
desabafos de torcedores contra a forma de administrar de Dilma, em São Paulo as
manifestações de rua são, também, desabafos dos paulistanos contra a forma de
administrar dos tucanos. Com uma diferença, convém ressaltar: em Brasília as
vaias ficaram por isso mesmo, enquanto em São Paulo o governo retrucou com
violência, metendo o cacete no povo, jogando spray de pimenta nos olhos da
população e disparando bombas de gás. Uma jornalista levou uma cacetada no olho
e apareceu na imprensa com um imenso hematoma.
Hão de perguntar: quer dizer que
o PT é melhor do que o PSDB? Não é. Dou um no outro e não quero torna. Mas em
se tratando de Dilma e dos tucanos, um não tem como falar do outro, ambos são
farinha do mesmo bisaco, mas os tucanos, velhos conhecidos do brasileiro, são
mais elitistas e costumam tratar na porrada quem se atreve a contestá-los.
Os que vaiaram Dilma não são os
pobres do bolsa família, com certeza. Esse povo jamais vai vaiar a presidente,
porque é grato pelas esmolas recebidas. Esses oitenta contos por cabeça que a
presidente dá ao Zé Ninguém ajuda e estimula o crescimento. Nunca o pobre fodeu
tanto como está fodendo agora. As pobres mulheres estão permanentemente de
pernas abertas, porque entendem que, quanto mais menino mais dinheiro.
Trabalham na produção, com direito a hora extra e tudo o mais. Esse povo vota
em Dilma e não vaia. Quem não vota e vaia é o classe média alta, que tem
dinheiro e não está vendo com bons olhos a volta da inflação, o aumento da
gasolina e o retorno do juro alto. A esses, interessa a derrota de Dilma e a
vitória do tucanato, o mesmo tucanato que é atacado pelos pobres de São Paulo,
os pobres que andam de ônibus e protestam contra o aumento das passagens.
De Tião Lucena
Postado em 17 de junho de 2013