Por que está ventando tanto no RN e litoral registra chuvas ‘fora de época’? Meteorologista explica
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Placa foi arrastada pelo vento e atingiu motociclista em Assu — Foto: Reprodução
Dois fenômenos considerados “fora de época” chamam atenção da população do Rio Grande do Norte neste fim do mês de outubro em 2025: ventos intensos registrados em todo o estado e chuvas diárias no litoral potiguar.
Um deles tem relação direta com o outro, segundo explica o meteorologista Gilmar Bristot, da Empresa de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Norte (Emparn). A chuva registrada nas cidades litorâneas é causada justamente pela umidade trazida pelos fortes ventos do mar para o continente.
Segundo o especialista, a junção de dois fatores favoreceu a circulação de fortes ventos no estado:
- A presença de uma La Niña fraca no Oceano Pacífico – fenômeno climático natural caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do oceano. “Isso já interfere no Nordeste porque evita a formação de bloqueios atmosféricos, o que faz com que o vento transite com mais facilidade”, detalha o meteorologista.
- Por outro lado, os ventos são “patrocinados” e mantidos mais fortes pela condição no Oceano Atlântico Sul, que também está com água mais fria, o que faz com o que o centro de alta pressão do oceano fique mais intenso e a massa de ar seja “empurrada” para a terra, onde a pressão é menor.
“Normalmente as rajadas mais fortes acontecem entre 9h até 16h ou 17h, exatamente quando a pressão atmosférica sobre o continente fica menor. Então os ventos “ocupam” a região com mais intensidade”, explica Bristot.
De acordo com Gilmar, os ventos sul-sudeste chegam ao continente com velocidades variando entre 15 e 27 km/h, dependendo do horário do dia.
De acordo com ele, a chuva que vem sendo registrada no litoral do estado é provocada pelos ventos, que trazem a umidade do oceano para a terra, mas normalmente só consegue ser formada durante a madrugada e início da manhã, quando os ventos são menos fortes.
“Quando chega durante o dia, com vento forte, essa umidade não consegue ser processada e transformada em chuva. Mas a que chega no final da tarde, início da noite, trazida pelo vento, ela se deposita sobre o continente e, durante a madrugada quando se tem a brisa, que é um vento mais calmo soprando do continente para o oceano, você tem a formação dessas instabilidades localizadas. Essas chuvas não conseguem entrar no interior”, explica o meteorologista.
De acordo com Bristot, a tendência para os próximos dias é de manutenção desse cenário, com ventos persistentes em todo o estado e chuvas isoladas no litoral, especialmente durante a madrugada e o início da manhã.
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