Esse poema resseca meu coração
Que abriga à seca, a dor e a aridez,
A insensatez que parece maldição
Ou jogo de azar dessa vil estupidez.
Conheço o sertão, passos e espaços,
Abrigo dentro de mim esse mundão.
Sou aproximado por abraços e laços
Que enlaçam os abismos de solidão.
Sou tenso, manso e de confiança
Atiro a lança que alcança e fere,
Mas também construo samba e aliança
Com o bem que ao bem adere.
Moro no meu sertão misterioso!
Divido espaços de amor e de dor,
Sou perdedor, alegre e vitorioso
E carinhoso na lida com o amor.
Esse sertão é fome, é dor e é ignorância,
Fruto da inconsistência de suas políticas,
Falta de criticas a prática da arrogância
Na lida com a malogradas politicas públicas.
O sertão é uma grande espera
Pela educação que transforma,
Pelo amor que tudo alarga e tolera,
Mas há tempos luto por reforma!
A asa branca também está triste
Volto, mas só encontrou desolação,
Pois a desilusão da fome persiste,
Trancando meu velho coração.
Versejo um sertão que parece invisível
E o meu violão come cordas e chora,
Dedilhando a dor seca, mas dizível
Na liberdade dessa previsível aurora.
Poeta Francisco Cândido (Berto)