Governo do RN quer acabar com ação dos grupos de extermínio; força-tarefa foi iniciada ontem

Os crimes de execução já se tornaram banais: dois ou três suspeitos
chegam em um carro ou moto não identificada, abordam uma pessoa na rua e
atiram até que a vítima morra. Este tipo de homicídio, normalmente
motivado por acerto de contas ou queima de arquivo, será investigado com
mais rigor. É o que promete a Secretaria Estadual de Segurança Pública
(Sesed), que criou ontem uma força-tarefa dedicada a desvendar esse tipo
de ocorrência, sobretudo a atuação dos grupos de extermínio. Cerca de
80 agentes estarão envolvidos nas operações, que vão contar com apoio
operacional do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), do Centro de
Inteligência da própria Sesed e dos Núcleos de Inteligência das polícias
Civil e Militar.

Delegados cobram melhor infraestrutura de trabalho
A criação da força-tarefa tem relação direta com o aumento no número
de homicídios nos últimos anos, principalmente nos municípios da Região
Metropolitana de Natal. Informações oficiais da Subcoordenadoria de
Estatística e Análise Criminal revelam o crescimento médio de 17,9% dos
homicídios na capital, e de 13,8% na Grande Natal entre 2011 e 2012. No
ano passado, o Instituto Técnico e Científico de Polícia (Itep),
registrou 959 assassinatos. Este ano, o órgão já registra
aproximadamente 25% do total do ano anterior. Como se não bastassem as
ocorrências, falta a elucidação dos casos. A Delegacia Especializada em
Homicídios (Dehom), por exemplo, tem mais de 300 inquéritos para
investigar.
As investigações, que normalmente nunca chegam a  ser desvendadas,
com a força-tarefa ficarão por conta da equipe da delegada Sheila
Freitas, que também coordena a Delegacia Especializada em Investigação e
Combate ao Crime Organizado (Deicor). Procurada, a delegada evitou
falar sobre a estratégia da operação. O secretário de segurança, Aldair
da Rocha, comentou que o trabalho envolve o empenho de vários agentes
públicos de segurança. “Na força-tarefa, cada um terá um papel definido,
seja os agentes, escrivães e delegados, ou mesmo os policiais
militares. Não se trata de desvio de função. Policiais militares não vão
investigar crimes. Eles serão solicitados quando for preciso prender
marginais em áreas de alto risco”, explicou o titular da Sesed.
No dia 9 de março, o secretário admitiu a existência de grupos de
extermínio atuando na Grande Natal e que há a participação de policiais
civis e militares nessas organizações criminosas. De acordo com o
secretário, o número crescente de homicídios, bem como o “modus
operandi” dos assassinos apontam para essa realidade.
Recentemente, o Ministério Público Estadual chegou agrupar alguns
promotores para tentar elucidar a atuação de grupos de extermínio,
especificamente os homicídios que tiveram como alvo adolescentes
infratores. No ano passado, 325 jovens até 21 anos morreram na capital
vítimas de crimes com características de execução. “Esses crimes não
parecem roubos, nem crimes passionais. Vamos integrar essas forças para
combater as execuções”, concluiu Aldair.
Da TN via BG
Postado em 23 de março de 2013