E agora José Agripino?

Antes da recém-terminada campanha eleitoral começar, o senador José Agripino Maia contava com o apoio de três deputados estaduais na Assembleia Legislativa – Getúlio Rego, Leonardo Nogueira e José Adécio. Tinha também o apoio de um deputado federal, o seu próprio filho, Felipe Maia. 

O grupo político do qual o senador e presidente nacional e estadual do Democratas se apresenta como líder tinha também a governadora do Estado, Rosalba Ciarlini. 

O que fez José Agripino?

Rifou a governadora que ajudou a eleger em 2010 e a impediu de ser candidata à reeleição ao lhe negar a legenda. “Matou” a Rosa viva. 


Tudo para se compor com o PMDB do deputado Henrique Alves e garantir uma coligação proporcional que assegurasse a renovação do mandato do filho Felipe Maia.

Escolhido coordenador da campanha do senador Aécio Neves a presidente da República, José Agripino também tratou de rifar o tucano. Quando este foi ultrapassado nas pesquisas pela ex-senadora Marina Silva, ainda no primeiro turno, Agripino se apressou em dizer que o tucano deveria pensar em apoiar Marina em um eventual segundo turno. 


Aécio deu a volta por cima, chegou ao segundo turno e por muito pouco não ganhou as eleições. Como o apoio de Marina.

As urnas do segundo turno também reservaram outras decepções para aquele que se autointitula o grande líder democrata. 


Seu candidato ao governo perdeu feio na maioria das maiores cidades do estado e foi derrotado de forma humilhante em Mossoró, reduto agripinista nos tempos em que Rosalba e seu grupo lhe devotavam lealdade quase canina.

Agripino viu também o filho Felipe Maia se reeleger com bem menos votos do que há quatro anos e o DEM perdeu uma cadeira na Assembleia Legislativa. 


Com um detalhe importante: José Adécio apoiou indiretamente no segundo turno a candidatura de Robinson Faria, cujo PSD Agripino tentou minar desde o nascedouro.

O futuro do DEM também é incerto. O prefeito de Salvador, ACM Neto, admitiu recentemente que o partido terá de se fundir com outras legendas para sobreviver. 


Palavras de uma espécie de um dos últimos dos moicanos.

Sem governadora, sem Mossoró, onde o desempenho de Robinson é creditado à uma forte onda anti-agripinista, o senador e dirigente democrata vê, diminuir, a cada dia, as chances de renovar o mandato em 2018.

Somados todos os resultados e tirada a prova dos noves, José Agripino é líder contestado de um grupamento político em franca decadência. 


E sai das urnas de 2014 como um dos grandes derrotados.

Resta-lhe como espólio o comando do DEM, originado do PFL que um dia já foi PDS e chegou a ser chamado, no final da ditadura militar, a quem serviu com louvor e afinco, de “o maior partido do Ocidente”

Mas é um líder contestado, acostumado a rifar os companheiros nos momentos difíceis. 


Estão aí, para não me deixar mentir, a governadora Rosalba Ciarlini.

Para completar a sua atuação desastrosa, quando as urnas deram seu recado, Agripino disse, ao analisar o desempenho eleitoral de Aécio Neves, que o o Brasil que produz votou no tucano. 


Colocou, assim, no rol dos improdutivos estados como o Rio Grande do Norte, e Mossoró, sua cidade natal, que se acostumaram a lhe dar seguidos mandatos de senador, desde 1986.

O que falta fazer o grande líder democrata? 


 E agora José?

Do BG
Postado em 27 de outubro de 2014