Bolsonaro diz ter levado facada nas costas do TSE e que não está morto na política

Foto: Douglas Magno/AFP


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (30) ter levado uma facada nas costas com a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O tribunal decidiu por 5 votos a 2 torná-lo inelegível por oito anos.

“Hoje vivemos aqui uma inelegibilidade. Não gostaria de me tornar inelegível. Na política, essa frase não é minha, ninguém mata, ninguém morre.”

“Espero, né, porque tentaram me matar em Juiz de Fora há pouco tempo com uma facada na barriga. E hoje levei uma facada nas costas com a inelegibilidade por abuso de poder político.”

Bolsonaro disse que a Justiça Eleitoral promoveu um julgamento político, referindo-se em seguida ao presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.

“Ninguém pode ser o dono da verdade no Brasil. Mesmo que seja no Supremo Tribunal Federal. Não pode ter um Poder maior que o outro. O que nós estamos assistindo, basicamente, é um Judiciário, através de uma pessoa, tomando as medidas de acordo com a sua cabeça. É isso que nós queremos para o Brasil”?

O ex-presidente, 68, somente estará apto a se candidatar novamente em 2030, aos 75 anos, ficando afastado portanto de três eleições até lá (sendo uma delas a nacional de 2026).

A ação em julgamento foca a reunião em julho do ano passado com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada. Na ocasião, Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, alegando estar se baseando em dados oficiais, além de buscar desacreditar ministros do TSE.

Nesta sexta-feira, ao comentar o resultado após almoço em churrascaria de Belo Horizonte com correligionários, o ex-presidente reclamou da atuação do TSE nas eleições. Disse ainda que, durante seu governo, respeitou a Constituição, “a contragosto” muitas vezes, e que isso não foi reconhecido.

“Sabemos que, desde quando eu assumi, falavam que eu ia dar um golpe. E nós acompanhamos as eleições. A maneira como o tribunal superior eleitoral agiu, me proibindo até de fazer live na minha casa.”

Saudosista da ditadura militar (1964-1985), Bolsonaro flertou com o golpismo e fez declarações contrárias à democracia durante todo o seu mandato na Presidência. A reunião com embaixadores, em julho de 2022, não foi um caso isolado.

Sobre o impacto da decisão com a militância e nas eleições, o ex-presidente afirmou que “não está morto”.

“A gente vai continuar trabalhando. Não tô morto. Pretendemos fazer muitos prefeitos nas eleições do ano que vem. Não é o fim da direita no Brasil. Antes de mim ela existia, mas não tinha forma. Passou a ganhar materialidade. Hoje o pessoal sabe o que o Supremo, o que é o Congresso, o STJ.”

Bolsonaro disse ainda como pretende se movimentar nas eleições de 2026. “Sou cabo eleitoral de luxo, se meus colegas parlamentares concordarem”, afirmou. “Não vamos desistir do Brasil. Afinal de contas tenho uma filha de 12 anos que pretende continuar nesse Brasil.”

Disse também não ter medo de ser preso. “Preso por quê? Por favor, aponte o motivo”, disse, respondendo a pergunta de um repórter. “Só falta isso. Se bem que uns 300 presos de forma injusta no Brasil atualmente”, declarou, se referindo a bolsonaristas presos após o ataque golpista de 8 de janeiro.

“Prisão, só se for em um abuso”, acrescentou, ainda respondendo a mesma pergunta.

*Folha de São Paulo 

Postado em 30 de junho de 2023