A fogueira do meu coração

Espero, ansioso, às festas de São João
De Santo Antônio e de São Pedro
Acendo a fogueira do meu coração
Como com madeira de puro cedro.

Darei asas a minha imaginação
E irei forrozar no Totoró ou Caruaru
Fazer minha sagrada adivinhação,
Comendo carne de sol e caruru.

Naquela noite, ela será minha rainha
Serei o mestre sala desse forró
Não gosto de ficar na cozinha
Sou ligado num forrobodó.

Não irei ficar na loca feito mocó
Pra mode não ficar tão só e triste,
Sem forró, sem nó e sem dó,
Só o amor em mim persiste.

Que saudade docê, menina!
Não suporto a sina da solidão
Vejo o brilho da estrela matutina,
Clareando as cavernas do coração

A você, agarradinho, darei um nó
O coração baterá forte como açoite
Tremerá como vara de mororó
E o forró atravessará a noite.

A cachaça terá mel de uruçu
O tira gosto de carne de carneiro
No forró, vira e mexe, um sururu
E na hora da saída será o derradeiro.

Brincadeiras ao Pé da Serra
Que contém tanto carinho
O baixo astral desterra
Nas saudades de meu ninho.

São trinta dias de festa
O sertão vira um arraiá
Sem a melancolia da seresta
A minha alegria é pra já.

 Poeta Francisco Cândido (Berto)
Postado em 24 de junho de 2013